A loucura é um caminhar no escuro, e quem caminha no escuro perde a luz que clareia os olhos, mas não perde a visão. Pior que perder a visão, é tê-la em abundância no escuro, instaura-se o mal-estar de enxergar o que não se quer ver, a cor da onipresente ausência. Antes fechar os olhos de súbito e refugiar-se na clareira imaginária de dentro, ou mesmo, entrever o pensamento de um escuro mais ameno, mais familiar, o escuro recôndito de todo ser.
O escuro de fora é aturdido, rechaçado, totalmente isento de luz. É este o escuro pai imaginário do medo infantil. É este o escuro tido por descaminho, malquisto pelos “cavaleiros da luz”. É este escuro o lugar da procura, do tatear paredes em busca do apagador que acenda o sentido, tão mais desejado que a vida!
Quem anda no escuro sabe mais do que nunca que não se vai adiante no fundo negro sem fantasiar o caminho, sem precisar de apoios, sem “trombar” nos móveis e monstros. Vencidos os primeiros estranhamentos do escuro, refratário de cápsulas vaga-lume com efeito breve e viciante, mergulham num universo de sentido pleno, não isento de escuro, não isento de dor. Só o silente escuro permite que se ouça vozes desesperadoras que gritam na vizinhança (“Vozes Veladas Vozes”). Só no escuro que se vê para além dos olhos, e que se crê tanto no que se vê, que montanhas são removidas por meio destes. Só o escuro apaga a visão superficial, do aparente, e aprofunda na crueza tão virgem e vital do ser. O escuro não cega, o que dizer da luz?.. É Este escuro capaz de suscitar um tato tão mais sensorial que o próprio sentir corporal.
É possível desenhar tão melhor o sentido da luz no escuro... Isso porque a luz sem escuro desconhece seu apelo em ser o que é. Os lúcidos nunca entenderão o escuro, não o enxergam, estão tão cheios de luz! Os que caminham no escuro não enxergam a luz, mas, o que é a luz que atravessa os olhos senão alheia ao que vê? Uma luz de outrem, uma luz em terceira pessoa, uma luz reflexo-irrefletida... O louco tem sua luz própria, e ela pisca, e brilha, e induz.
Os homens que não podiam subir em palanques
Narrador 1: E eis a normalidade ensaiando seu discurso de posse do homem, quando a loucura o toma por inteiro e este começa a divergir dos outros. Na cor da pele e cabelos ressoava uma insuportável diferença, era inconcebível tê-lo no meio de nós, normais. Internado, viu-se no lugar que lhe cabia, onde não poderia incomodar ninguém.
Narrador 2: Num dia de sol claro, em meio ao banho de sol, este homem sobe num palanque, (banco) da sua prisão, como se subisse no palanque vida! Em meio à multidão de seguidores, dois, e com uma voz estrondosa, grita: Os loucos devem ser mantidos fora de alcance de palanques! Logo, um funcionário da prisão, tirou-lhe do seu tablado e disse: Então venha cá, Napoleão, venha cá... Ninguém deu conta da normalidade do louco... Enquanto isso, alguns governantes e religiosos sobem em palanques em favor da Luz. “Guiam” os povos. Muitos estão cegos de lucidez!
(Raquel Amarante - 2011)
Menina, sua visita deixou o INFINITO bem mais bonito!!!
ResponderExcluirMas de loucos... ah! quem não tem um pouquinho?
A loucura é como outros tantos sentimentos imensuráveis e descrever sbre ela é caminhas sobr caminhos camuflados por folhas... não se sabe o que se pode encontrar.
Um grande abraço
Raquel, obrigada pela visita. Vi que estuda psicologia, eu amo ler tudo sobre psicologia, tenho vários amigos psicólogos e adoro discutir assuntos dessa área que me fascina sempre!
ResponderExcluirAdorei teu blog!!!! e aquele gif ali no cantinho é tudoo! rs
bjo grande :)
Agradeço a gentileza! Seja bem vinda à Ilha. :)
ResponderExcluirA loucura é o sol que não deixa o juizo apodrecer. Belo post.
ResponderExcluirBeijos
Denise
Olá...
ResponderExcluirvim agradecer a visita... apareça sempre que quiser... será super bem vinda!
Tb gostei daqui... te sigo:)
Bjão e uma terça super iluminada:)
Menina, que post fantástico, aplausos para você, e a imagem ficou perfeita para ilustrar!
ResponderExcluirEi Lindinha! Que legal que me encontrou... eu (minha fotinho) ja estava aqui na sua parede né! Vou continuar voltando viu! Adorei seu texto de hj, papo de gente grande!
ResponderExcluirbj
Catita
muito bom mesmo...
ResponderExcluirbeijos linda!
Adorei o texto, querida!
ResponderExcluirSou uma louca apaixonada por psicologia e consequentemente pelo ser humano!
Seguindo você!
Um grande beijo
"Os lúcidos nunca entenderão o escuro, não o enxergam, estão tão cheios de luz!"
ResponderExcluirExcelente post!!! Adorei o blog!
Aparecerei sempre!
Caminho, eternamente, na escuridão.
ResponderExcluirMuito obrigada pela sua visita, fiquei bastante feliz. Gostei muito do seu Blog, estou seguindo ele. Percebi que você faz Psicologia, eu até ia fazer, mas acabei fazendo Direito (mas quem sabe futuramente). Adorei os temas aqui propostos. Beijinhos.
ResponderExcluirRaquel,
ResponderExcluirGostei de te ler. Muito!!!
Beijos,
AL
Belo texto..
ResponderExcluirRaquel,
ResponderExcluirSuas "peças íntimas" são suas palavras que despejam luz em nossas vidas.
Bjs
Carlos Eduardo
veredaspulsionais.blogspot.com
"a cor da onipresente ausência", achei isso ótimo. Belo texto.
ResponderExcluirMeu Deus, magnífico, encantei-me!
ResponderExcluirNem consigo comentar.
Bravo!
Um beijo,
Fernanda Fraga.
http://mefaltaumpedacoteu.blogspot.com