Pular para o conteúdo principal

Carta não enviada nº 14 – Excerto do meu primeiro romance



Caro amigo Ernest,

Há um conluio entre os meus personagens, não sei o que fazer... Acho que não deveria mais criar... Não tenho o mesmo gozo. Eles eram meus amigos, sabe... Os mais íntimos! Esforcei-me  para abdicar do meu direito sobre eles. Anseio por uma liberdade sem igual, dei a eles este meu sentimento, não era para estes se revoltarem! Entendo-os, a revolta é um indício da não passividade frente a liberdade, entretanto, hoje chego a uma tangível conclusão: Não basta dar liberdade depois de ter criado, eles querem ser livres-intocados. Apetecem a auto-criação, sofrem por não tê-la. Sofrem por temor à morte... Acho que a auto-criação lhes daria um sabor maior de controle, sabor este que nós deuses-escritores sabemos não ser possível. Eles,  amigo Ernest, querem  tocar na criação para experimentar a eternidade... No fim, o grande problema deles é com o avantesma da morte, esta, que sempre lhes aprisionará do dissabor do príncipe da incerteza, o tempo.

Homero*

*Personagem do meu primeiro romance.

Saiba mais sobre esta e as outras cartas: Sobre as "Cartas não enviadas" 

Comentários

  1. Olá Raquel
    Muito bom. Os personagens querem vida própria, e se perde o controle sobre eles.
    Bjux

    ResponderExcluir
  2. "É difícil ficar adulto"


    Lindo!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir
  3. O tempo é um banco de areia no mar da vida. (Shakespeare)

    ResponderExcluir
  4. O dilema entre criador e criatura.

    Lindo!

    Bjs!

    ResponderExcluir
  5. as coisas mais doces demoram a amadurecer.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  6. (...)
    Que enredo abissal de trama cortante e de entrelinhas de um fogo invisível, a senhorita uma neófita virginal da pena em prosa fora arrumar em seu primeiro romance, hein?
    Que dor profunda e infinita deve ser essa dos "deuses-escritores" no exato momento da criação e por toda a história: liberdade, poder e "auto-criação"... ah, que palavra mais esdrúxula, dona escritora - de quem ainda não sei o nome - e todas suas implicações tanto possíveis quanto inimaginadas, belas e terríveis...
    Mais uma vez confesso não consigo me atentar para isso, é de toda e insolitamente uma coisa aterradora.
    "Deuses-escritores" cuja dor da dúvida perfura-se na perfeita consciência e a da impotência a ferir a incomensurável onipotência... "Auto-criação, Existência e, ... Auto-destruição".
    Ah, não pensemos nisto, ou, penses tu, jovem escritora de virginal romance, com as tuas personagens para a criação e a decifração do mistério, quando obra e criador se fruem em uma só essência do finito e da imortalidade. E esta obra, as tuas personagens, agoniza-se na "enxaqueca" do mistério dessa consciência e rebeldia, e em sobremaneira tu, que és o próprio princípio e sentimento da consciência delas.

    Bem, julgo que nada mais posso eu te dizer, talvez somente te desejar que a sorte e a sapiência tão pertinentes dos "deuses-criadores" possam ir conduzindo sua pena no instante de feitura das belas e tortas escritas da tua obra para à elevação das entrelinhas certas da tua escritura.

    Boa Sorte,
    Jovem e inominável escritora
    em teu romance, e espero que
    possas me presentear com um exemplar.

    ResponderExcluir
  7. Gostei, e especialmente deste trecho lindo:
    " Não basta dar liberdade depois de ter criado, eles querem ser livres-intocados."

    ResponderExcluir
  8. Thanks for the kind comment on my blog. I wish I spoke Portuguese.

    ResponderExcluir
  9. depois de criados, eles tornam-se deuses...


    =)

    bjs, linda.

    ResponderExcluir
  10. Oi Raquel...
    Depois de criado... Tudo parecer ter asas!
    Aproveito para desejar que não somente o dia 12 mais todos os dias de sua vida sejam repletos de muito amor!
    Um beijo carinhoso

    ResponderExcluir
  11. Estou participando de um concurso literário e preciso de votos. É simples. Se você tiver facebook entre na sua conta e acesse este link:
    http://www.conteconnosco.com/trabalho-detalhe.php?id=622

    Daí é só logar na página do lado direito no topo "login with facebook" e votar no botão vermelho abaixo da foto. Para ir ao texto vai na categoria escrita, na segunda página. O texto é M. de Ricardo Barbosa.

    Conto com sua ajuda!

    Pode votar todos os dias até o final de julho, você também concorre a prêmios.

    Obrigado!

    ResponderExcluir
  12. Romances, ou contos, psicológicos é só pra quem sabe mesmo. Você sabe. Muito bom!

    ResponderExcluir
  13. Olá Raquel

    Pase a visitar tu blog y leerte.
    Tengo publicado un acróstico sobre la melancolía te invito a leerlo.
    Feliz día.

    Beijos, Besos

    ResponderExcluir
  14. Agradeço aos comentários dos amigos!!!

    ResponderExcluir
  15. Sra. Anônima,

    Presentearei se um dia vier a publicar. Agora, aí sua identidade de anônima será revelada..rsrs

    ""Deuses-escritores" cuja dor da dúvida perfura-se na perfeita consciência e a da impotência a ferir a incomensurável onipotência... " FANTÁSTICO...
    A liberdade é tão controversa...

    ResponderExcluir
  16. Cá venho retificar, pra que não pareça dúbia, a afirmação presente no primeiro comentário relativa a "uma escritora de pena virginal", pois com essa expressão queria, e quero, dizer sobre uma escritora no instante "nupcial" da concretização do seu primeiro romance, diga-se, o de estréia.
    Agora, sobre a identidade da pretensa romancista, confesso que de início não entrevi nenhum pseudônimo assim como depois conjeturei às lembranças de Stella Graal, e da própria poetisa Raquel que agora sei que é a autora inconteste do "Exerto" prenúncio do vindouro romance. Oxalá.

    Também sobre o presente, há de assinar-me um exemplar na noite de autógrafos quando eu, sem medo, vou te revelar que não passo de uma "Esfinge sem segredo". Aguardemos-nos.

    ResponderExcluir
  17. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Eu não tenho nenhuma idéia de quem vc possa ser, se é que eu te conheço pessoalmente.
    De qualquer forma, sua presença aqui é muito marcante..rs
    Ahh! E... Acho muito improvável que publique esta coisa que ando chamando de romance.
    Não sei se dou conta de continuá-lo... (É muito angustiante escrevê-lo.)
    Quanto a "uma escritora de pena virginal" rs. Eu saquei.. Digo, entendi.. Da minha forma, claro!

    "Esfinge sem segredo"
    Quanto mistério!!! rsrsrrsrsr
    Tenho controlado bem minha curiosidade, não acha?

    ResponderExcluir
  18. Acho. E não é que acho também que a gente nunca se achará!
    Ou melhor, ou muito...
    À espera do livro.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode fazer comentários mesmo sem ter uma conta do Google ou sem ter um site. Basta clicar em Nome/URL, colocar seu nome e comentar. Sejam bem vindos! ;)

Postagens mais visitadas deste blog

Será se...

Uma formiga agonizante na pia remexe as pernas como se pedisse ajuda. Luta para viver. Luta para escapar. Como se desculpar com uma formiga que escolhe um caminho que ela nunca imaginaria que pudesse lhe matar? O que leva essa distraída, essa louca dessa formiga a se aventurar num braço humano assim?! Seria pra fugir da água? Seria para fugir de outro tipo de morte? Perdoe-me formiga, quando dei por mim já lhe tinha esfregado minha mão direita sem jamais imaginar que lhe atingiria os órgãos vitais. Não, não me sinto alguém maior, superior, um deus capaz de recortar seu ciclo de vida. Na verdade, sinto uma fatalidade tão profunda que parece que era minha vida ali extraída. Na verdade, me dói, você viu! Você viu que eu tentei de modo bem desajeitado uns primeiros socorros. Eu tinha uma esperança enquanto você mexia os membros inferiores de que haveria possibilidade de reatar a vida, você lutou por ela! Quem diria, nem eu, nem você, que a vida findaria ali, no mais simples e nu do cotidia

Postal

Etiquetas não tenho nem nas roupas nem na mesa. Mas se eu pudesse minha vida seria uma encomenda rumo ao lado de lá com selos e carimbos de quem se encaminha de quem experimenta respirar novos ares novas crenças novas presenças. Etiquetas não tenho nem nas roupas nem na mesa. E às vezes, nem sinal a não ser dos pássaros a não ser dos gafanhotos a não ser das libélulas a não ser de Deus. e uma vontade de me endereçar ao espiral do mundo pra chegar a qualquer canto pra sentar em qualquer meio fio pra sentir aquelas saudades e voltar meia lua crescente pr'algum ninho. (Raquel Amarante)

Poemínimos

poefeminino Oscila na rima porque esse amor é de menina. poexagerado Amou errado deu-se todo. poemusicinternational Fui me buscar me achei nas canções que não sei cantar. Ando parado no sinal fechado poeansioso cheguei cedo à frente do medo. Estou errada quando estou certa de estar apaixonada. Estava apaixonada por sua saudosa imagem que agora foi pixada. Não sei se te limpo ou te deixo aí manchada. Cansada de sonhar foi ver telenovela ela era ela. Esta casa tem mais alicerces que eu. Teimosia Tomou algumas doses só não contava com uma lucidez que insistia. A gente finaliza muita coisa Mas não conclui nadinha. Tira a roupa que a roupa pesa e só quero a leveza do nosso amor. Tinha letra de pornô grafia amor pra dar em tempos de capital privado. Triângulo amoroso tenho a impressão que A3 é papelão. Não tem medo da morte porque não tem nem