eu que na distancia me projeto aceno no espelho diferença eu que me despi de toda crença fiz da entranha o mundo predileto. eu que nunca fui de olhar pro lado em tudo que vivi fui tão discreto eu que me embebi de todo o resto e escandalizei paredes do tablado eu que machuquei o lado machucado (da vida) por azar ou por necessidade de deixar escorrer alguma verdade de me despedir de alguma dor (comprimida) eu que vi nascer no corpo - uma atitude uma opção pelo anseio ser mulher eu que ainda não sei qual é que é o traço, o risco, o caminhar desta virtude eu que me mantive aprisionada numa prisão tão livre e sem celas eu que não compreendi – nunca! Elas... mas que sempre fui, assim, uma aliada eu que aqui estou só de passagem que nunca avistei onde ancorar ando tão assim, sem bagagem levo coração que é pra amar... (mas às vezes eu esqueço onde ele está!) (Raquel Amarante)
"Quem medirá o calor e a violência do coração dos poetas quanto capturados e aprisionados no corpo de uma mulher?" (Virginia Woolf)