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Mostrando postagens de 2017

Redesenho

Pobres rascunhos de vida esquecidos numa gaveta qualquer que insistem em avisar  que a potência não pode acabar no extremo de nenhum lugar. Pobres rascunhos de vida com cores tão vibrantes e festivas que insistem em carnavalizar. Se não há liberdade e invenção, O coração se esvaziará... Pobres rascunhos de vida quando têm medo da juventude, da Diversidade e do Desejo E seguem em vida tolhida Num destino trôpego, amiúde. Traz à tona os papéis tão livres, tão essenciais. As tintas, os pincéis os poemas, o sabor a beleza, o redesenho. Só assim...

1995

Desconfio que de vez em quando é necessário pertencer a este vazio... Aos tons mais agudos do piano À melancolia da noite fria Ao silêncio À fantasia Acho que sou sim cristã em demasia. Sem cruz na parede Mas com cultivo de alguma resignação. algumas lágrimas alguns segredos Todos muito solenes Todos muito pátrios Todos muito presentes e alguma lembrança, sim das paredes. Às vezes eu preciso me lavar por inteiro As vezes preciso chorar feito mãe quando recebe a notícia do filho... Eu, desenharia tudo de novo. A escola, as crianças, os livros Eu viveria como vivi Tenho muitas memórias que já esqueci. Mas eu tenho tudo muito guardado. Num baú Num espelho Num aconchego. O velho espaço minúsculo no quarto O amor tão maiúsculo, tão vasto As palavras ralé Porque jamais As palavras não dizem As palavras viram poeira Não há palavra! Não saberiam girar como bailarina Não saberiam deslizar a tinta no quadro Não saberiam se aplicar ao que se sente Nu e

Sobre a morte e a Vida

Deve haver algum trunfo ao morrer. Mas eu não quero que estas palavras tenham poder. Deve haver uma cor diferente que eu me recuso a enxergar. Preferimos o conforto de onde a gente tá, e o amor! Ah, o amor... O amor (re)ssuscita! O amor é o que nos faz vivos! (Raquel Amarante)

Algum crepúsculo

Saudades daquela mulher que em mim existia. Um pouco mais vulnerável Um pouco mais envolvente Um pouco mais fantasiosa Um pouco mais apreensiva Uma mulher repleta. Primavera inteira de dúvidas Saudades daquela mulher que em mim existia. Um pouco mais competitiva Um pouco mais insegura Um pouco mais relax Um pouco mais alheia Uma mulher pela metade. Morava nela mesma Do ventre daquela mulher o enigma Na varanda ela acompanha algum crepúsculo. (Raquel Amarante)

Vida agreste

torrões, glebas, açudes solo calcário. eu planto eu rego eu colho sementes rudes água pouca sol extraordinário. eu fui construindo de argila a esperança viver, sempre me fui sozinha sem ter ajuda. mais vale a fé em Deus que em galho seco a luta de quem não cansa tem valentia que acende a vela de noite que mantém ela acesa de dia. (raquel amarante)

Astrologia

Eu não sei quantas vezes li a mesma coisa sobre "o mesmo" aspecto do céu, ou quantas vezes me reconheci à porta do destino, tão perto, tão íntima, tão acolhedora feito casinha de interior. Eu não sei quantas vezes vivi a palidez de quem percebeu que a morte chegou, tão nítida, tão jovem, tão certeira! Sempre à beira... Eu não sei quantas vezes meditei aquele plutão tão complexo feito neurose obsessiva, obsessiva, obsessiva... Eu não sei quantas vezes compreendi e ao mesmo tempo hesitei em crer no que li, e tão incrédula, e tão perplexa, e tão resignada, e tão... Eu não sei quantas vezes pedi para a lua voltar duas ou mais casas, ou pra ficar mais um pouquinho, só mais um pouquinho, por favor! Ah! Quantas e quantas vezes a um passo de atropelar o universo na expressão intensa canceriana com passionalidade obtusa e fervente de escorpião - segurei a bola por causa daquele transitozinho pedindo vá com calma, refrigério sim da alma! Eu não sei ao certo o que as pe

Casa 8

pobre sol na casa 8. mergulha tão profundo com ímpeto e violência paixão e veneno faz qualquer mundo ficar pequeno amplia as dimensões obscuras críticas, mórbidas, lúgubres. sem medo de alturas mergulha uma duas três vezes  no abismo destroi o que ama ama o que destroi sopra acende apaga vai embora reclama não ama não pode amar. desvia o olhar e habita a tranquilidade de uma fantasia de uma outra casa supostamente. casa oito só sente. muito. casa oito é oito oitenta. onde impera casa oito não há, não é possível existir  o outro. (raquel amarante)

Noite espiral (reflexões)

a profecia é a estatística intuitiva. a filosofia surgiu da natureza. quem dera eu, ser anti natural. indiferente  à única certeza. A quem se remeteria um enfadonho texto sem fim? Sem fim parece nem ter lugar na língua Talvez o céu seja um primo carnal dessa ideia romântica ou talvez, seja eu, demasiadamente, terrena, pequena, finita. Mas acho a vida até bonita. em espiral além do bem e do mal. com os ciclos  de ALTOS e baixos de transformações profundas, dolorosas. de alívios e suspiros. de serenidades, por que não? Sempre haverá ponto final .-) Mas o que podemos fazer com isso? (Raquel Amarante) (A espiral é a associação livre em formato de rabisco mais presente em meus cadernos. JUNG explica.)

Novembro

eu não sei quanto tempo faz meu tempo não tem nada ver  com cronologia eu sinto mais você hoje que naquele dia. Mas vou levando a vida como um tanto faz. E tanto faz a dor como a alegria eu sei reinventar tudo na memória nos buracos de lembrar sombreio de nostalgia infância me ensinou a colorir minha história Viver o passado no presente sem medo de ser julgado por ser feliz de novo para alguns a surpresa do Kinder ovo para mim a alegria de um velho fato nov.o lembrado, vivido, sentido sentir é o estado mais acordado do corpo! Novembro, 2016   - Raquel Amarante

segundo plano

quando um motivo sobressai e o fundo fica opaco o foco fica quase automático nítido feito ato falho em análise. eu me pergunto o que me motiva dentro do corpo e tempo que me resta quais as palavras que me fazem viva? quais  os sentidos que a vida me empresta? uma chuvarada me vem como resposta eu inclinada molhando a cabeça não há gota d'água que em mim prevaleça são tantos motivos que vivo predisposta mas tantos motivos não cabem numa foto e a busca é pra além do olho humano interessa-me o que não vejo e a falta de luz interessa-me o não motivo e o segundo plano Se fotografia não se faz sem foco vida se faz de todo jeito. No manual, no automático, no equivoco,  na barroca ambígua composição do imperfeito Vida é destino de barco no horizonte onde não há luz, nem guia turístico. Se a imensidão da noite não cabe nas linhas de grade Tampouco eu,   em relacionamento sério com a liberdade. Isso de não caber em nenhum

Read overdose vinho

aromatizado nos campos de concentração fermentado em temperaturas infernais intenso, jovem, frutado, pornô amado amargor cereja morango baunilha tostado em estado ébrio complexo, harmônico, potente, selvagem limitado, mas sem limitações feminino, surpreendente na boca e adendos exuberante, muito encorpado, coxas e bundas com notas de couro acompanha amores verdes amores maduros amores de vênus retrogrado.