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À sombra das mangueiras

Os rascunhos que fazíamos
toda aquela história em diagramas
dá pra deixar pro vento.

os anéis e alianças
só existem
pra cair no chão.

ainda mora, à sombra das mangueiras
algumas cicatrizes de tempo
invisíveis
em evidência.

Alguém chama meu nome lá fora
e eu,
aqui dentro
repetindo as mesmas vestes
inadequadas
Força do hábito.
Coisa de velho.

Eu não tenho a menor ideia
de como usar as espadas que tenho.
Ainda há fragmentos
de assassinato na memória.

Mas é preciso alguma revolução
pra mudar essa história.
Cores rubras
Lágrimas
alguma fé, quiçá,
aquela canção de toda hora.

Talvez as horas
Me tornem sensível
Talvez a natureza
Me leve há alguma fluência
Talvez a razão
Me reconduza impassível
Talvez, quem sabe, o horizonte
Me transfigure.


(Raquel Amarante)



Idade do Céu - Paulinho Moska





Comentários

  1. Memórias de um passado não tão distante anunciam o fim eminente do presente; o futuro se mostra embaçado, mas alinhado com a elevação do espírito. Viajei, mas acho que é isso. :)

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