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Quem sabe

Quanto tempo leva para apagar o desejo?
Quanto tempo leva para as amnésias, tão alcóolicas, fazerem efeito?
Quanto tempo leva para o pescador pegar o timo da razão e vencer o mar?

Não importa quanto tempo demore
para picotar as memórias em ínfimos pedaços
De repente, tão de repente
O corpo sente de novo
e o corpo é sentido como jamais foi!
Outra vez.

Outra vez
água fervente
lama, lodo, chama
inferno!
Inverno...
O frio e o calor

Não adianta achar que se está imune
A certeza é uma mãe que só pune
Eu tenho fome e sede
E é como se eu caminhasse sem ser vista
nas proximidades da Estação da Luz de SP
perdendo o jeito de viver.
Morrendo de amor por inteiro.

Quem sabe, talvez, a palavra,
me salve.
Outra vez.

(Raquel Amarante)





Comentários

  1. Que lindo! Adorei! Parabéns, amiga pieta! Continue a nós brindar com sua sensibilidade!

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